É esclarecedor observar que o Banco Mundial tenha se associado no passado ao projeto de Belo Monte enquanto promovia a boa prática relativa ao respeito da Convenção n°169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho – Instituição especializada das Nações Unidas). Em 1989, os Kayapós haviam organizado uma manifestação massiva em Altamira contra o projeto de uma série barragens no rio Xingu. Eles tinham conseguido convencer o Banco Mundial de cancelar o financiamento do projeto que por fim teve que ser interrompido.
No que se refere ao Banco Mundial, no dia 25 de janeiro de 2011, mais de 40 organizações brasileiras e latino-americanas da sociedade civil questionaram a decisão do mesmo em aprovar um desembolso de $500 milhões como empréstimo ambiental de política setorial no Brasil, apesar de uma alarmante falta de evidências sobre a conformidade com os termos do empréstimo. As principais críticas à carta se referem à falta de provas sobre a implementação de novos abrigos sociais e ambientais pelo BNDS, o maior banco público do Brasil, que entre outros, financia Belo Monte. A carta da sociedade civil conclui que o estado atual das decisões do Banco Mondial contradiz sua política operacional e outras normas relativas à transparência e revelação de riscos. Ela pede que os executivos do Banco Mundial tratem destas questões-chave, antes de aprovarem uma segunda parcela do financiamento.
Em 25 de outubro de 2011, muitas organizações da sociedade civil entregaram uma nota aos bancos interessados em financiar as obras, alertando-os sobre os riscos incorridos.
Durante o Rio + 20, uma nova manifestação foi organizada em 19 de junho de 2012 pelas comunidades indígenas, em frente ao BNDS. Estiveram reunídas algumas centenas de pessoas.
Um outro paradoxo a ser denunciado é a atitude do BNDS que, investindo nos projetos de grandes barragens que participam ativamente na destruição da floresta virgem, expressa a sua participação no levantamento de fundos de preservação da tribo Kayapó. O banco, por meio de seu fundo de apoio às iniciativas de conservação e gestão sustentável da floresta amazônica, disse apoiar este projeto com até 4 milhões de dólares; o fundo será gerido por uma organização chamada Conservação Internacional.
- par Valérie Cabanes -
Ameaçando o coração da floresta amazônica, BELO MONTE faz barragem ao nosso futuro.