Belo Monte :
petição do Cacique Raoni

BELO MONTE : a construção de um "novo paradigma" onde o sangue corre e a violência domina

BELO MONTE : a construção de um

© Gert-Peter Bruch

Perto de Altamira, no estado do Pará, a construção da hidroelétrica de Belo Monte começou em 2011 e continua na violência. O rio Xingú jà esta se tingindo de vermelho e se tornando insalubre. Antonia Melo, porta-voz do movimento Xingú Vivo Para Sempre, que reúne moradores e nativos da bacia do rio Xingú, disse que a construção da barragem provoca o caos social na região de Altamira, cidade perto da barragem, indicando um aumento exponencial da violência.

De fato, o movimento migratório causado por esta obra está causando o aumento da violência nos 11 municípios diretamente afetados pela hidroelétrica : tráfico de drogas, estupros, ameaças, porte ilegal de armas, delitos e assaltos estão causando um aumento nas estatísticas policiais. O medo tomou conta da população e dos comerciantes de Altamira, maior cidade da região de Belo Monte.  
Essa cidade de 100.000 habitantes viu aumentar em 62% o número de infrações e em 379% a quantidade de armas apreendidas entre 2010 e 2011, segundo os dados da polícia civil do Xingú.

Muitas manifestações ocorreram desde o início das obras. A primeira foi a ocupação do local e de uma estrada de acesso, no dia 27 de outubro de 2011, por centenas de indígenas, pescadores, moradores e fazendeiros. Muito rapidamente, uma decisão do tribunal ordenou a saída dos ocupantes.

No dia 31 de outubro de 2011, Megaron Txucarramãe(sobrinho do Cacique Raoni), um dos líderes Kayapó mais carismáticos e influentes, coordenador regional da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) em Colider (Mato Grosso) foi removido da função que ocupava desde 1995. Megaron afirma que sua expulsão foi provocada pela sua oposição à construção de usinas hidrelétricas planejadas pelo governo, incluindo a de Belo Monte. Questionado pela Folha de São Paulo, o diretor da FUNAI não quis comentar sobre a decisão que, de acordo com a Fundação, não está ligada a Belo Monte.

Depois do Rio + 20 que reuniu mais de 1800 índios contra a industrialização da Amazônia, a barragem de Belo Monte foi ocupada durante várias semanas por indígenas irritados. Alguns são fundamentalmente contra a construção da barragem. Outros insatisfeitos com o acordo feito com a Norte Energia, que não cumpre suas promessas de compensação e instalação das populações deslocadas.

Ao mesmo tempo, ataques violentos repetidos ocorreram repetidamente nos Estado do Pará e do Mato Grosso do Sul, onde vive a grande maioria dos povos indígenas. Muitas ONGs denuncíam continuamente a perseguição contra os povos que defendem suas terras e o acesso à agua.

O CIMI (Conselho Indigenista Missionário), ONG brasileira, já havia publicado um relatório sobre a violência contra os povos indígenas no Brasil em 2011, com mais de 1700 atos de violência contra pessoas, incluíndo 60 assassinatos, principalmente no estado do Mato Grosso do Sul, bem como no estado do Pará onde se implantaria o projeto de Belo Monte.
Por exemplo, Raimundo Anilton Alves da Silva da tribo Tembé, que foi assassinado em junho de 2010, ou até mesmo os defensores do meio ambiente José Cláudio Ribeiro da Silva e sua esposa Maria do Espírito Santo da Silva, pegos em uma emboscada e baleados por dois homens armados. Líderes indígenas de diferentes tribos em Altamira também reçeberam ameaças diretas durante uma reunião com a empresa Eletronorte, responsável pelo projeto de Belo Monte, em junho de 2010.

Recentemente ainda, em novembro de 2011, a ativista indígena Sheyla Juruna foi violentamente agredida. Outros projetos industriais no Mato Grosso do Sul, tais como plantações de cana de açúcar em terra Guarani, também provocaram ameaças e assassinatos de lideranças Guarani-Kaiowa, como Nisio Gomes, morto em novembro de 2011. Esses exemplos confirmam que a situação de violência contra os defensores dos direitos dos povos continua.

Planète Amazone alertou o Conselho dos direitos humanos das Nações Unidas sobre tal violência, através de uma declaração, escrita em conjunto com a "Fondation France Libertés”, e entregue em 23 de fevereiro de 2012 para ser examinada na Assembléia, durante a 19ª sessão.

As condições de trabalho são igualmente duras nas obras de Belo Monte. Desde o mês de novembro de 2011, as greves se multiplicaram. A cada vez, os trabalhadores são advertidos e demitidos : 141 em novembro, 80 em dezembro. A última greve reuniu, em abril de 2012, 7.000 trabalhadores que sofreram forte repressão militar. Alguns jornalistas, testemunhas no local, compararam as condições de trabalho dos trabalhadores aos trabalhos forçados : horários, condições de habitação insalubres, atrazos de pagamento, espera o dia inteiro no sol sem comer no augardo do pagamento, enquadramento militar...


 - Valérie Cabanes -

 

Ameaçando o coração da floresta amazônica, BELO MONTE faz barragem ao nosso futuro. 

Assinem a petição do Cacique Raoni
http://raoni.com/signature-petition-contre-belo-monte.php