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Cacique Raoni conhece Aldeia Multiétnica e discute situação indígena no Brasil

Cacique Raoni conhece Aldeia Multiétnica e discute situação indígena no Brasil

Cacique Raoni na VII Aldeia Multiétinica. Foto: Anne Vilela

Fonte : encontradeculturas.com.br
O líder é reconhecido e respeitado mundialmente por sua luta à frente dos direitos do território e da cultura indígena.
Andava como se já conhecesse o lugar, interagia com as crianças e com os índios como se todos fizessem parte de uma grande família.

Por onde andava, chamava a atenção não apenas pelo labret (adorno portado sobre o lábio inferior, marca de reconhecimento dos guerreiros prontos para morrer por sua terra) e cocar, mas pela figura emblemática que Raoni Metuktire construiu ao longo de mais de quatro décadas de luta pela preservação do meio ambiente e pelo respeito dos direitos do território e da defesa das populações indígenas brasileiras.

Era a primeira vez que Raoni conhecia a Aldeia Mutiétnica, um espaço localizado no vale da Chapada dos Veadeiros que une várias etnias indígenas para a troca de cultura durante seis dias no Encontro de Culturas. Essa iniciativa é um símbolo concreto de uma das (várias) lutas do líder “Kaiopó”; unir os povos indígenas. “É importante para juntar todo mundo e ajudar a demarcar a terra. Eu estou procurando mais recursos para unir todos e fazer um documento para entregar para Dilma Rousseff”, declarou. Para atingir essa união e transformar o contexto atual que tanto o preocupa, Raoni mais uma vez viajará por vários países para encontrar apoio para sua causa.

Atualmente, o grande líder tenta marcar uma audiência com o Papa Francisco para conseguir, através do apoio do líder católico, uma intervenção junto a presidente Dilma Rousseff na situação indígena no país, que volta a preocupar Raoni Metuktire.“Não tem bonito” para Raoni (uma das expressões que o grande líder usa para expressar que a situação não está boa, não há beleza ali); ainda há morte de índios por causa de território, constantes ameaças e uma legislação deficiente. E mesmo quando algumas lutas parecem vencidas, elas retornam. Como no caso da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, um combate já encarado e vencido por Raoni em 1989, mas que retornou a pauta em 2011.

Durante sua visita a Aldeia Multiétnica, Raoni conversou com os representantes da etnia indígena canadense Innu, que o convidaram para se juntar a eles na organização de um encontro para os povos indígenas de todo o mundo. “Este encontro poderia acontecer no Canadá, para unir o povo inteiro pela paz. Uma luta comum de todas as nações para pedir a justiça e o direito dos indígenas”, explicou o chefe Tshiuelen Canape.

“Não tem bonito". A visão indígena do problema

“Eu me preocupo muito com as pessoas querendo fazer barragens no rio. Eu não tô gostando de madereiro, garimpeiro, fazendeiro, hidrelétricas, tudo ruim. Não é só para o nosso índio, é pra todo mundo. A pessoa não sabe que acaba todo mato, estraga todo rio e que vai acontecer um problema sério para todo mundo. Nosso neto não vai viver bem”, lamentou o líder. As preocupações do líder são universais, Raoni não luta apenas pelo bem-estar e futuro da sua comunidade, ele compreende que o futuro é comum a todos e que cada ser vivo depende do outro. “Eu respeito todo mundo, eu gosto de todo mundo. Eu não quero machucar ninguém. Eu quero viver junto”, Raoni compartilhou seu desejo. Toda essa sabedoria que comoveu pessoas do mundo inteiro é resultado da cultura milenar dos “Kaiapó”, da vivência e da tradição de conhecimento passado pelos anciãos aos jovens.

Mesmo após décadas de luta ainda há muitos combates para serem encarados e muitas causas para serem conquistadas e ,ainda assim, o vigor de Raoni Metuktire é ascedente. Como ele mesmo diz, ele anda e continuará andando até a sua luta chegar ao fim. Pensando nessa missão, o grande líder "Kaiapó" deixa um recado para seus parentes: "você, o nosso índio no Brasil, tem que pensar que eu tô procurando mais recursos para juntar você e todo mundo. Mas a gente tem que ir junto, pra brigar junto, para conseguir terra junto, conseguir pra pessoa não fazer barragem. É isso que eu peço para você. Eu vou juntar todos vocês, porque a união é muito importante para o nosso índio brasileiro".


 

© encontrodeculturas.com.br / por Marcela Borges : artigo original

Date : 23/07/2013

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