Belo Monte :
petição do Cacique Raoni

Hoje 502905 assinaturas.


Notícias da atualidade

Cacique Raoni em visita à Holanda: "Esta barragem vai inundar as nossas terras"

Cacique Raoni em visita à Holanda:

Chefes Raoni Kayapó e Megaron Txucarramãe Metuktire na Arcadis hall, empresa holandesa, Amsterdam © Gert-Peter Bruch

Fonte : Het Parool
Cacique Raoni na área de negócios Zuidas (Amsterdã - Holanda). O Cacique Raoni veio do Brasil para protestar na Arcadis, empresa de engenharia, contra a barragem de Belo Monte construída ao longo do rio Xingú na Amazônia. O Cacique Raoni falou ontem com uma das empresas que participa da construção de uma barragem que vai tornar a vida de seu povo inviável.

Não se pode se sentir mais distante de casa que um indígena. Rodeado por arranha-céus, o Cacique Raoni erige-se no Gustav Mahlerplein. No coração do centro de negócios Zuidas, seus sapatos ficam encharcados de neve. Aos 82 anos, o Cacique Kayapó brasileiro está tomado pelo frio. O disco no lábio inferior move-se para cima e para baixo.

Inicialmente, o chefe Raoni reage com raiva. Ele se esquiva e sua comitiva fala: "sem imagens, sem imagens! ", em inglês. A reunião então se dirige ao lobby de um edifício. Seu assistente explicará depois por que Raoni ficou na defensiva com a presença de um fotógrafo. "O Chefe tem medo que essas imagens cheguem à imprensa brasileira e que ela faça a população acreditar que ele veio assinar um contrato com a empresa de engenharia Arcadis." O Cacique deixa claro que está em Amsterdã por sua própria iniciativa. Ele chegou a discutir com Arcadis, que está envolvida na construção da barragem no Rio Xingu (um afluente do rio Amazonas) no norte do Brasil. Por causa da barragem, a própria sobrevivência do povo de Chefe Raoni está ameaçada. "Nossas vidas estão em jogo. Além disso, a construção desta barragem é uma violação direta aos direitos internacionais dos povos indígenas."

Uma vez no interior do prédio o Chefe Raoni parece sorrir amavelmente. Antes de entrar no elevador, que vai levá-lo juntamente com sua equipe no 24 º andar, ele tira o casaco e coloca seu cocar de penas.

A árvore de Natal no prédio, o revestimento de aço inoxidável do elevador que parece desenhar o edifício como um foguete, não parecem chamar sua atenção.

 

"Nós não queremos guerra, mas vivemos da pesca e da caça."

Na sala de reunião ele é recebido por Joost Slooten, diretor do setor de responsabilidade social coorporativa da Arcadis. Sem hesitar, ele vai para o assento principal da mesa. Fica claro: temos aqui uma pessoa de poder. Não há muitas pessoas que possam ser consideradas mais fortes que ele. O Cacique é uma celebridade e um célebre combatente pelos direitos dos povos indígenas. O cantor Sting trabalhou com ele e antes de sua reunião no Zuidas ele encontrou Lilianne Ploumen, a ministra holandasa do Comércio Exterior e Cooperação para o Desenvolvimento. No início da semana, o indígena teve uma conversa com o presidente francês, François Hollande.

Ao longo de sua vida Cacique Raoni lutou pelos direitos dos índios. Em 1989, ele mostrou incômodo e descontentamento em ocasião de uma conferência sobre a mata amazônica em Altamira, uma cidade às margens do Rio Xingu. Isto marcou o início de um apoio crescente para a preservação da floresta e do reconhecimento das pessoas que ali vivem. A construção da barragem está em andamento no Brasil, e os problemas entorno dela abriram vários processos judiciais. De acordo com o chefe Raoni, partes significativas da região onde estão instalados cerca de 10.000 nativos da etnia Kayapo, serão inundadas. Arcadis contesta estes dados. Slooten aceitou a reunião porque ele gostaria de permanecer em contato com os índios. "Somos uma sociedade transparente, por isso, se as pessoas querem falar com a gente, estamos abertos ao diálogo." A barragem de Belo Monte é parte controversa de um projeto de uma dezena de barragens ao longo de uma centena de quilômetros. O objetivo da barragem é fornecer uma ampla cobertura de energia para grande parte do Brasil. O diálogo entre o empresário e o Cacique teve continuidade a portas fechadas. Quando perguntado ao meio da reunião se a conversa daria resultados, Raoni fica em silêncio. Mais tarde, ao término da reunião, o Chefe diz estar feliz por ter conversado com Arcadis, mesmo que ele esteje ciente de que sua causa não terá muita sorte diante de grandes empresas ligadas a interesses econômicos .

Mas Cacique Raoni não desiste. "Nós não queremos guerra com o homem branco, mas não podemos abandonar a nossa luta, porque na terra onde vivemos, somos dependentes da pesca e da caça. O governo brasileiro decidiu construir a barragem sem o nosso consentimento, mas nossa mudança não é uma opção. Temos que continuar a nossa luta. '


© Het Parool - Marc Kruyswijk - traduzido por Bruna Dildeberg

Date : 07/12/2012

Retorno