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“Missão Rio+20” para Raoni e Planeta Amazônia

Caras amigas, caros amigos,
Assim que vocês sabem, a associação Planeta Amazônia* administra o abaixo assinado do cacique Raoni contra a barragem de belo Monte e traz regularmente informações no site raoni.com sobre o drama do desmatamento na Amazônia e suas consequências ambientais e etnocidárias para as populações indígenas. Tambem acompanhamos Raoni nos diversos aspectos de sua luta para preservar intacta a floresta amazónica onde ele nasceu, um meio ambiente extraordinário com uma biodiversidade abundante, um activo valioso para o planeta e, portanto, para toda a humanidade. Um património único mas frágil, atacado por todos os lados, mais de que nunca ameaçado de erradicação.

Missão Rio+20 : proporcionar uma visibilidade planetária á luta de Raoni e dos povos da Amazônia

O cacique Raoni, seu povo e as outras populações indígenas do brasil e da Amazônia estão lutando contra a instalação de exploração (florestal, agrícolas ou mineradoras) nos seus territórios , assim como as grandes hidrelétricas  (Belo Monte, Jirau...), empreendimentos faraônicos cuja eficiência é contestada, e cuja duração de vida (geralmente algumas décadas) não justifica os danos irreversíveis causados ​​nos ecossistemas preservados desde tempos imemoriais.

O cacique Raoni, seu povo e as outras populações indígenas do Brasil e da Amazônia estão indignados e se mobilizam contra a revoltante flexibilização do código florestal, que encorajará um desmatamento desfreado, notadamente com a anistia de todas as implantações ilegais nos territórios indígenas protegidos, o que os condena a mais ou menos curto prazo. Vozes se levantaram no mundo todo, uma petição pedindo o veto total desta revisão do código florestal  juntou mais de 2 milhões de assinaturas, mas a presidente insiste : ela esperou o último prazo legal para vetar parcialmente este código, o que é insuficiente (as modificações devem ser votadas na cámara dos deputados onde poderão ser invalidadas). Se este código florestal for aprovado, ele condenará a maior floresta tropical do planeta e consequentemente das populações nativas da Amazônia.

O cacique Raoni, seu povo e as outras populações indígenas do Brasil e da Amazônia precisam de nosso apoio para pedir ao Brasil o respeito e a aplicação de seus direitos á terra, inscritos na constituição do país desde 1988. Nós informamos sobre os recentes acontecimentos dramaticos que ocorreram nos territórios ancestrais dos Kayapos (território de Kapot Nhinore), devido á invasão agressiva e ilegal por parte de fazendeiros armados. Graças a sua solidariedade e suas doações, a operação de emergencia estabelecida pela ONG Amazon Watch e apoiada na França por Planeta Amazônia e Nicolas Hulot permitiu ao povo do cacique Raoni a manutenção de um acampamento estabelecido nos lugares da invasão (até hoje, 9000 $ foram creditados na conta do Instituto Raoni). Sua mobilização permitiu de estabilizar a situação que continua explosiva. O governo brasileiro continua mostrando sua má vontade em demarcar as terras indígenas (processo iniciado há quase 20 anos !) e a segurança destes territórios afastados é impossível sem um importante apoio logístico e financeiro.

O futuro do planeta é ligado ao da Amazônia

Este resumo apresenta a gravidade da situação atual na amazônia : desmatamento desfreado, violação quase sistemática dos direitos humanos e dos direitos das populações indígenas, assassinatos de militantes ambientalistas... Quando o mundo, mergulhado nas brumas de uma crise econômica, vai enfim acordar ? O futuro do « pulmão verde » do planeta e d’aqueles que dependem da floresta para sobreviver esta sendo desenhado agora. Nunca foi tão sombrio. A Amazônia esta numa encruzilhada, enquanto o Brasil esta alcançando uma prosperidade económica sem preccedente na sua historia, e certamente em razão disso pois a sua exploração representa uma mana a curto prazo. A Europa e os Estados Unidos estão vacilando enquanto a India, a China e o Brasil estão passando  do estatuto de potencia emergente a de grande potência. Tanto faz, crise ou prosperidade, todos os pretextos servem para não cuidar da ecologia. No entanto, os primeiros sinais tangíveis do ante-desastro são perceptíveis : pertubações e mudanças climáticas, aumento da poluição atmosférica provocando doenças respiratórias, taxas de extinção de espécies animais ou vegetais numa aceleração exponencial...

1992-2012, vinte anos de promessas não cumpridas

Há 20 anos, o cacique Raoni foi um dos memoráveis intervenientes na primeira Cúpula da Terra no Rio de Janeiro.  !992-2012,  já se passaram 20 anos. Com aquele sucesso de sua campanha internacional de sensibilização sobre o desmatamento na Amazônia (em compania de Sting), ele tinha dado um sinal de alarme. Outros, como o comandante Cousteau, tambem alertavam. A existência desta “Cúpula da Terra” estava carregada de esperança. Mas logo a desilusão veio com as belas resoluções que não passaram o ano, e uma evidência ficou clara : a humanidade devia reagir sem demora, e se tornar adulta, responsável e não só culpada. Cousteau deu um prazo de 20 anos até atingir o limiar de não-retorno, o ponto a partir do qual nós mergulharemos numa lenta agonia. Aqui estamos, 20 anos mais tarde, e não seria só a Amazônia mas a humanidade inteira a estar numa encruzilhada. 20 anos depois, Cousteau já se foi, mas Raoni, que a idade não tornou menos determinado, esta decidido a se fazer ouvir, a fazer ouvir a voz de seu povo e de todos os povos indígenas da Amazônia e do planeta, dos quais ele se tornou um emblema. Ele gosta de lembrar : “eu luto para meu povo mas tambem pelo futuro do planeta.”

Missão Rio+20 : incitar o Brasil a respeitar os direitos de suas populações indígenas

Em 2012, é mais difícil do que nunca mobilizar sobre o essencial, a preservação e a proteção de nosso planeta, fonte de toda existência, e podemos nos perguntar se Rio+20 conseguirá mudar a situação ? O Brasil, país anfitrião desta cúpula das Nações Unidas onde só os poderosos poderão tomar decisões, já anunciou que não deixaria os representantes indígenas estragar a festa focalizando as atenções. O clíma é para a hostilidade para com estes dissidentes que estão se opondo, diz o governo, a marcha rumo ao progresso e rasgam o cartão postal de um Brasil democrático e respeituoso dos direitos humanos e da preservação de seu extraordinário capital natural. A Copa do Mundo de futebol (2014) e as Olimpíadas (2016) estão se aproximando e se Pekin amordaçou “alguns” tibetanos e erradicou uma parte de seu património para ter acesso ao palco dos grandes desse mundo, podemos esperar que seja diferente no Rio em relação aos Indios e a floresta amazônica ?

Missão Rio+20 : Planeta Amazônia ao lado de Raoni e das populações ameaçadas pelo desmatamento

Estamos orgulhosos de militar junto com o cacique Raoni e seu povo ; se ele não tiver outra alternativa senão ser o grão de areia emperrando o funcionamento de uma máquina se dirigindo até o abismo, então é nosso dever lhe dar apoio. O cacique Raoni não foi convidado a participar dos debates oficiais da ONU, mas trabalhamos para que seja diferente. Ele participará de varias mesas redondas e de eventos associados á cúpula oficial, como a Cúpula dos Povos. Estaremos a seu lado para favorescer os encontros com personalidades e tomadores de decisões que interpelaremos graças ás 350 000 assinaturas recolhidas na sua petição. Asseguraremos os contatos com a mídia e documentaremos suas intervenções para alimentar o site raoni.com, as redes sociais e outros canais de informação. Nosso papel é, como sempre, dar mais visibilidade ao cacique Raoni que trabalha há mais de quarenta anos para conscientizar. Na Rio+20 e particularmente na Cúpula dos Povos, Planeta Amazônia criará relações com varios representantes indígenas, base para futuras parcerias. Para todos que lutam em silêncio e longe da midiatização, na indiferência geral, Planeta Amazônia tentará dar um apoio jurídico e midiático.

- Traduzido do francês por Chico Libri -